terça-feira, 18 de outubro de 2016

Eu sou meu maior brinquedo




Eu sou meu maior brinquedo.
Toco, uso, lambuzo sem medo.
Mexo, remexo, me aconchego.

Olho, rebolo, admiro as curvas.
Molho, embolo, arrepio as texturas.
Nego, entrego, decido as conjunturas.

É a lua que enche,
e o corpo que sente...
O desejo não mente.

Eu sou meu maior (e melhor) brinquedo.


Clara Ramthum do Amaral (lua quase cheia de outubro de 2016).

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

(des)confiança

Acho que esse meu hábito de não confiar em ninguém, vem da dificuldade de confiar em mim mesma...

quarta-feira, 11 de março de 2015

Momento (auto)ajuda: motivAÇÃO

Ah, tempo de desconfiança,
tempo de desilusão...
pra que tanta insegurança,
intolerância à frustração?
se não confiar nem em ti,
quanto mais em uma irmã, em um irmão!

Ninguém à frente... nem às costas!
Queira ao lado, de coração.
Ame, chame,
dê carinho, dê a mão.
Cuide, brinque,
aprenda e dê lição.

O poder está aí dentro,
invista na (cri)ação!
Fortaleça, (se) conheça
e não (se) condene não...
entenda apenas que sempre perde
assim que entra em competição.


domingo, 13 de julho de 2014

Microconto - para retomar, retornar renascendo

à minha frente a lua quase cheia iluminava que explodia num céu ainda bem escuro mas com um azul cada vez mais 'celeste'...
às minhas costas, um misto de rosa, lilás, branco e tons escuros e claros de azuis anunciava o parto do novo dia... 


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a r q u i v o


quarta-feira, 30 de abril de 2014

Menstruação - do asco ao afeto





Como grande parte das mulheres que conheço, sempre achei que a menstruação era um estorvo mensal e tinha, inclusive, certo nojo dela... Tanto que com alegria eu celebrava os mais de 12 meses que fiquei sem menstruar por conta do uso de anticoncepcional. 


Mas, depois de mais de 10 anos de uso, decidi parar de tomar a pílula, pois a ideia de bloquear o funcionamento de um sistema tão importante em minha vida, o reprodutor, começou a me incomodar... só que, com isso, o incômodo da menstruação voltou...


Nesse ínterim, em menos de 2 meses ouvi pelo menos 5 mulheres diferentes em contextos diversos elogiando um instrumento que diziam ser surpreendente e quase milagroso para lidar com a menstruação: o coletor menstrual. À primeira indicação, eu reagi com espanto e descrença, mas depois das seguintes resolvi experimentar.



De fato, é algo surpreendente e a transformação que o uso desse copinho de silicone me provocou é quase milagrosa. A relação que eu tinha com a menstruação passou bruscamente de algo aversivo para algo instigante. Percebi que o nojo que eu sentia na verdade era provocado pelo uso dos absorventes descartáveis... Pude sentir de maneira totalmente diferente a textura, o cheiro e a cor do sangue que sai do meu corpo e, pode parecer loucura, mas ao invés de asco, agora me dá é vontade de observá-lo e tocá-lo! E os benefícios vão além da leveza com que passei a tratar meu próprio corpo. O conforto durante o uso é um deles: jogar capoeira, correr, dormir sem aquele abafamento dos absorventes externos e sem o receio de possíveis danos que podem provocar os internos... Confesso que nos primeiros meses tive alguma dificuldade para os momentos de tirar e recolocar o coletor e ainda sinto que às vezes sou um pouco desajeitada, mas é até divertida a tentativa de aprimorar técnicas para isso e nunca tive nenhuma reação desagradável como ficar irritando a área genital ou deixar vazar. Mas de qualquer forma, no primeiro dia do primeiro mês usei também um absorvente externo de pano para me sentir mais segura, logo no segundo dia já vi que era desnecessário. 


Mas o maior benefício mesmo que enxerguei até hoje tem sido o de me sentir dando mais alguns passos rumo autonomia e autoconhecimento. Quebrei o tabu da menstruação e comecei a perceber como as fases do meu ciclo influenciam na minha vida. Sinto agora vontade de começar a entender mais os sinais que meu sangue dão sobre minha saúde, observando sua quantidade, a presença ou não de coágulos, enfim... ainda há uma trilha longa pela frente, minha relação de amor comigo mesma está só começando! ;)



Eis então que vos faço dois convites. Para as mulheres, que experimentem os copinhos coletores menstruais e compartilhem dicas, dúvidas ou receios sobre o uso para aprendermos juntas! E, para tod@s nós, inclusive para os caras, que estejamos junt@s na quebra desses tabus que nos circulam, ultrapassemos o nojinho que nos ensinam a ter e busquemos conhecer melhor os corpos com que nos relacionamos. Topam? 



Avante! \o/

sábado, 23 de março de 2013

Microconto III C o t i d i a n o (atualizado)

Acordo há dias antes do sol... Amanhã é sábado, hoje vou fechar as cortinas.


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A r q u i v o :
MIcroconto I
Microconto II (No tempo da emergência de hospital...)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Carta sobre a Felicidade


(Edição utilizada para estes comentários) EPICURO."Carta sobre a Felicidade". São Paulo: editora UNESP, 2002.

Carta sobre e Felicidade, esse é o título dado à carta que Epicuro (341-270 a.C.) escreveu a Meneceu, seu discípulo.
Foi com certo pé atrás que resolvi lê-la…Desconfiança gerada não pelo lugar-comum de que a filosofia epicurista se confunde com o hedonismo (idéia quebrável com a leitura desta carta), mas pela crença de que a felicidade total é inalcançável e mesmo indesejável, assim como um suposto equilíbrio eterno do espírito. Não enxergo a felicidade e a harmonia como um fim último na vida do ser humano. Tal fim nunca se daria, até mesmo pela existência constante de ciclos pelos quais todos aqueles que não se acomodam passam…Ciclos que representam travessias, superações e que envolvem dores, angústias…
A trilha do auto-conhecimento é eterna, não devemos criar expectativas de concluí-la para podermos ficar em paz, para sermos felizes, adquirindo o que Epicuro chama de “saúde do espírito”. Mas podemos, sim, tornar essa caminhada mais compreensível e encará-la com mais maturidade e autonomia. É neste ponto que entram as contundentes recomendações epicuristas, desmontando minha desconfiança.
Para Epicuro, a felicidade do homem deve ser a finalidade da filosofia e para que o homem atinja uma vida feliz, ele precisa meditar sobre alguns assuntos…

A MORTE
“A morte não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações”(Epicuro,p.27)
Na carta, fica claro que a morte não deve ser perturbadora para o sábio, até mesmo porque “quando estamos vivos, a morte não está presente, quando a morte está presente, nós é que não estamos”(p.29). Sem mais se afligir com a morte, o homem pode fruir a vida efêmera como é, ” sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade”(p.27). Assim, “o sábio nem desdenha viver, nem teme deixar de viver; para ele, viver não é um fardo e não-viver não é um mal”(p.31).

O FUTURO
“O futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não nosso, não somos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais.”(p.33)
Epicuro preserva a força da vontade humana no desenrolar da vida,  fugindo de fatalismos ao mesmo tempo em que admite a importância da sociedade e da consciência moral.

PRAZER E DOR
“Todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas”(p.39)
É aqui que ele se distancia do hedonismo, do prazer como bem supremo. Ele busca critérios de benefícios e danos e de qualidade invés de quantidade. Assim, muitas dores são necessárias e muitos prazeres indesejáveis para uma vida mais saudável.

DESAPEGO
“desfrutam melhor a abundância, os que menos dependem dela.”(p.41)
Devemos nos habituar às coisas simples, pois sem a exigência pelo luxuoso e abundante aprende-se a valorizar o pouco quando é o que se tem e a lidar melhor quando se tem o excesso. “Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada pela falta”(p.41).

A PRUDÊNCIA
“exame cuidadoso que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas perturbadoras do espírito”(p.45)
É esse exame cuidadoso que Epicuro considera o princípio e o supremo bem, a partir do qual surgem todas as outras virtudes.
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Por fim, concluo como concluiu ele próprio e que façam vocês o proveito que acharem cabível de todas essas sábias palavras.

Epicuro. Fonte:Google images.
“Medita todas estas coisas (…) e viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais.”(p.51)


Comentários traçados em 2010.