segunda-feira, 31 de outubro de 2011

De banda de amor a filme coreano na Brasília tediosa.


Divulgação do show do Letuce

 Começou na sexta feira. Me convidaram para assistir a uma "banda de amor" no Balaio Café. Estranhei a definição, mas foi tudo que me disseram sobre a banda que rolaria. Pois bem, arrisquei.
A apresentação foi maravilhosa! A banda se chama Letuce, é do Rio de Janeiro e realmente "de amor" é a melhor definição. Mas não é um amor meloso e grudento, e sim belamente espontâneo, gostoso... A entrega dos músicos no palco é contagiante, sem falar na qualidade do som, do vocal...
Certamente saí de lá amando muito mais!



Sábado não resisti a outro evento musical pela cidade. Rita Ribeiro, Xangai e o ator Flávio Bauraqui numa bela homenagem ao mestre João do Vale no Teatro da Caixa
Cena do filme de Kim ki duk

No domingo a tardezinha, aproveitei o festival de cinema coreano no CCBB e assisti a um filme de delicadeza e profundidade raríssimas no cinema ocidental: Primavera, verão, outono, inverno e primavera, do cineasta Kim ki duk. Dele pouco devo falar, apenas recomendar, muito. 

Pra fechar o fim de semana... De leveza deliciosa, o musical sobre Nara Leão.  


E há quem, invejando as capitais pomposas do sudeste, sinta-se entediado em Brasília....
Claro que nem tudo são flores... Os eventos por aqui ainda estão centralizados no plano piloto enquanto espaços de enorme potencial como o Teatro da Praça em Taguatinga, ou o Teatro Newton Rossi no SESC da Ceilândia são tão pouco frequentados. Também é de se criticar a dominação dos espaços privados na cena cultural da cidade, quando espaços públicos privilegiados como a Esplanada dos Ministérios são majoritariamente destinados ao pão e circo dos shows caríssimos do GDF ou então encontram-se esquecidos como a Biblioteca Demonstrativa

Mas, na boa, o tédio está é no vazio da cabeça alheia.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Microconto II (Agora sim, micro)

Fim de expediente

As luzes dos postes davam lugar à luz do sol, e ela só queria chegar em casa e fechar as cortinas.


(Microconto I)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O boi irado, a criança e o susto. 2 vídeos.


       Dia 08 do corrente mês, o grande Boi de Seu Teodoro de Sobradinho fez uma belíssima e empolgante apresentação no Festival de Cultura Popular na FUNARTE (Brasília).
Dois registros eu gostei de ter feito e venho compartilhar...

Neste primeiro o boi faz a festa!
Levantando poeira no meio do público o boi desfila suas peripécias e valentia especialmente contra o vaqueiro que quer matá-lo para saciar os desejos de sua esposa grávida.


O Boi irado


Já neste segundo.... A festa é das crianças! Lindíssima a interação do boi com a criança que de tão pequenina mais parecia um mascote do grupo. Bonita também foi a interação das crianças mais velhas com as mais novas, passando aquilo que sabem dos instrumentos, da movimentação... Brincando.
Mas nem tudo são flores... Este vídeo vai pela vídeocassetada! Não digam que sou má, foi só pelo inusitado da situação!
Vídeocassetada no Boi

E isto é só!
Curtam as cores e sons (na medida do possível, já que mais amadoras que a câmera e quem a empunhava não há!).


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O infantil estadunidense na 2ª Guerra Mundial, breve comentário.


Em tempo de guerra, nem os quadrinhos e animações infantis são inocentes, ainda mais em um país tão bélico quanto os Estados Unidos...

Sabe o Capitão América que há pouco estava nos cinemas?  Foi criado em 1941. No ano do ataque japonês a Pearl Harbour, Capitão América  com seu escudo patriótico já combatia os nazistas. Depois do fim do conflito, 1945, o personagem ficou esquecido por um tempo, mas ressurgiu na década de 1960 e até hoje luta pelo nacionalismo norte americano.

Já o simpático pato Donald foi criado antes da segunda guerra mundial, em 1934. Mas durante o conflito assumiu firme postura perante o nazismo. As imagens passadas pelo episódio de 1943 em que ele se vê como integrante do exército nazista são de ousada e surpreendente provocação. Já a forma como a liberdade estadunidense o liberta é quase um clichê.


Mas a propagação dessas imagens não deveria se limitar ao território do país. A América Latina também os preocupava. Afinal, é sabido o temor de que o avanço nazista seduzisse as terras de cá. Pois bem... Já viram algum filme da Disney estrear no Brasil antes mesmo das telas norte americanas? Pois aconteceu com o filme que apresentou ao mundo o papagaio Zé Carioca. Inspirado em um músico paulista, José do Patrocínio de Oliveira, o personagem malandro reúne características estereotipadas do brasileiro. O filme estreado no Rio de Janeiro em 1942 e nos EUA no ano seguinte começa com a sugestiva imagem de um aperto de mão e intitula-se “Saludos amigos!”.  

São só três exemplos aqui tratados superficialmente... Mas fica a lembrança pelo dia das crianças! E fiquem atentos, apesar do que andam dizendo por aí o Aurélio e o Houaiss, nem sempre o infantil e o inocente e pueril andam juntos... 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Post Scriptum, vulgo P.S.

Réplica e tréplica sobre queimar um livro de auto-ajuda.




Camila Miranda disse...
Antes de pensar em queimar algum documento, reflito se este não serve para alguém, seja qual for o motivo. Quem trabalha nessa área cuja ferramenta é o registro impresso com o intuito da construção do conhecimento e saber está proibido de cometer um ato tão radical, pois estará interrompendo o ciclo: leitura, reflexão, construção do senso crítico.
Com assim? A Camila pirou? Não. Uma vez que acontece a queima estarei eu interrompendo a oportunidade de alguém ler e refletir se é bom ou ruim, por ela mesma.
Quem sou eu para ditar ou cessar possíveis leituras? Prefiro o método empírico de aprendizagem: ler e não gostar. Deixando assim a oportunidade do próximo tirar suas próprias conclusões.
Camila Miranda disse...
Dado o assunto, que na minha opinião é demasiadamente importante e oportuno (acho bacana discutir essas questões), indico ler ou assistir ao filme Fahrenheit 451. Muito bom!!



Clara Ramthum diz...

Tenho este filme! Muito bom mesmo!

Camila, também sou dessa área. Já salvei e cuidei de muitos livros, tentei concurso pra restauradora, trabalho constantemente com acervos, sei desse valor. Mas esta foi mesmo uma "performance". Com um significado: sacrifiquei algo por uma limpeza. Foi como um ritual, estava queimando a insegurança que faz as pessoas buscarem ajuda no mundo de fora invés de no interior. Nas palavras soltas dos outros...

Este livro, que fiz questão de nem mencionar qual é por não criticar o seu conteúdo em si, foi produzido em massa. Sei que ele ainda vai circular muito. Quem quiser, o encontrará. Mas, veja bem, não nego que é um prejuízo para o potencial de leitura do meio como um todo. Por isso mesmo digo que é um s a c r i f í c i o . Mas é por uma imagem. Também se lê imagens, e creio que essa é uma bem forte e impactante. Ela também será lida e terá seu alcance.

Pense que dessa vez pode ter valido a pena...

Ousemos!

PS: Mas, clar@ , com moderação, muita!!
É muito bom fazer essa reflexão pra não virar apologia a queimas grosseiras de acervos, que eu sei que rolam, desprezo e condeno. Sacrifício torpe, por ignorância, por política... Assassinato de histórias, de passados possíveis...
Mas sempre há de sobrarem cinzas, rastros..!

PS.: Tu escreveu bonito!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cavucando ritmos e memórias...


“Em terra que tem minhoca e eu gostá de cavucar,
Ô de cavucar, criolá de cavucar.”
Clementina de Jesus

Recentemente, resolvi mexer nos vinis parados aqui de casa. Limpar, triar, organizar, catalogar, enfim, mexer, tirar do ostracismo a que estavam injustamente condenados. Não é querendo puxar sardinha para minha área de formação, mas o relato que segue poderia ser considerado um manifesto pró-organização de acervos, especialmente os particulares, de família, que guardam preciosidades inimagináveis...




Um primeiro ponto positivo está em conhecer-se. Entrando em contato com as marcas das histórias daqueles discos, deparei-me com memórias de família. Assinaturas de tios marcando a posse, dedicatórias de ex-namoradas apaixonadas de meu pai... Fora o desgaste de cada um, os remendos nas capas... Dá pra imaginar quais foram mais tocados ou mais bem cuidados. E quão especial foi rever os discos de músicas infantis e historinhas que eu tanto ouvia. Em um deles encontrei na capa riscos que parecem minhas primeiras tentativas de escrever meu nome. Impagável!



Os conhecimentos adquiridos com essa experiência vão além. Ouvi artistas que sequer sabia que existiam, como o simpático grupo Tarancón e os cantores populares Cascatinha e Inhana. Fora que os “bolachões” são em si fontes para estudo da época em que foram produzidos. Uma capa colorida com gírias ilustra a década de 1970, um compacto brinde de uma revista com a última entrevista de Lennon é um documento histórico que deve ter sido recebido com frisson no calor da morte do Beatle.



Elaborar uma tabela e fazer o catálogo fizeram parte do conhecimento técnico que adquiri. Sem falar na pesquisa a respeito de como limpa-los e ainda na que continuarei fazendo para restaurar as capas mais danificadas. O catálogo feito me permite ainda trocar informações com outros possuidores de LPs e EPs para intercâmbios, empréstimos, etc e tal.

Os próximos alvos são os VHS, CDs, DVDs, livros...

Parodeando a cantora carioca, cujo dom também passou despercebido por tanto tempo e nos presenteou com tanta riqueza quando tirado do limbo:
onde se tem poeira eu gostá de cavucar, ô de cavucar, criolá de cavucar...  ♪ ♫

(Veja aqui um vídeo em homenagem à Clementina de Jesus com a música a que faço referência. Ah se eu tivesse um vinil dessa mulher!)