Tenho passado por oscilações
perturbadoras entre insegurança e orgulho, desistência e resistência. Coisa que
fases novas e desafios que nos tiram da nossa zona de conforto provocam na
gente.
Hoje uma coisa inusitada
aconteceu e me deu certa força misteriosa. Às vezes, o místico se desperta onde
menos se imagina...
A caminho de mais uma noite de
plantão, parei para comprar uma água na conveniência de um posto de gasolina
nessa cidade menosprezada da periferia. À porta da loja, estava o vendedor
uniformizado e ao seu lado um homem de trinta e poucos anos aparentemente
embriagado. Aliás, não seria arrogância dizer que ele estava certamente embriagado. Este homem não
estava mal vestido, não parecia ser morador de rua, nem estava agressivo, só o
que justificava o clichê “bêbado” era o olhar perdido e as movimentações
cambaleantes. Ele simplesmente estava lá, sentado com certa cara de frustração,
talvez seu time tenha perdido num desses jogos de domingo à tarde...
Rapidamente entrei, comprei a
água e me dirigi ao carro. Nesta movimentação, o bêbado me surpreendeu com uma
frase repentina que agora ecoa na minha cabeça:
“Você parece indefesa, mas não
é.”
Surpresa, eu só pude abrir um
sorriso e concordar: “Não, não sou.” E assim segui meu caminho e ele me
acompanhou com o olhar até eu entrar no carro.