segunda-feira, 23 de abril de 2012

Você parece indefesa


Tenho passado por oscilações perturbadoras entre insegurança e orgulho, desistência e resistência. Coisa que fases novas e desafios que nos tiram da nossa zona de conforto provocam na gente.

Hoje uma coisa inusitada aconteceu e me deu certa força misteriosa. Às vezes, o místico se desperta onde menos se imagina...

A caminho de mais uma noite de plantão, parei para comprar uma água na conveniência de um posto de gasolina nessa cidade menosprezada da periferia. À porta da loja, estava o vendedor uniformizado e ao seu lado um homem de trinta e poucos anos aparentemente embriagado. Aliás, não seria arrogância dizer que ele estava certamente embriagado. Este homem não estava mal vestido, não parecia ser morador de rua, nem estava agressivo, só o que justificava o clichê “bêbado” era o olhar perdido e as movimentações cambaleantes. Ele simplesmente estava lá, sentado com certa cara de frustração, talvez seu time tenha perdido num desses jogos de domingo à tarde...

Rapidamente entrei, comprei a água e me dirigi ao carro. Nesta movimentação, o bêbado me surpreendeu com uma frase repentina que agora ecoa na minha cabeça:

“Você parece indefesa, mas não é.”

Surpresa, eu só pude abrir um sorriso e concordar: “Não, não sou.” E assim segui meu caminho e ele me acompanhou com o olhar até eu entrar no carro. 

sexta-feira, 13 de abril de 2012