domingo, 13 de maio de 2012

LIBAR, Marcio. O Pregoeiro.


Foto de Lincon Zarbietti, divulgada no blog Holofote Virtual.
No início, o nome do espetáculo das 22h não ficava na cabeça, sempre, tudo que eu podia lembrar sobre o título do “espetáculo das 22h” pelo que eu tinha passado o olho na programação era: não-sei-o-que-lá-eiro.

Mas, resistimos ao frio de uma hora na fila de espera mais três quartos de hora na fila de entrada, pra ver uma peça da qual tinha ouvido apenas uma indicação do meio-irmão do namorado de uma amiga: “muito boa!”. Eu nem conhecia lá muito bem o gosto desse conhecido, mas não é que valeu mesmo a pena?

Do conteúdo do espetáculo, é melhor não falar muito. Até porque você mesmo pode achar e se surpreender com vídeos e registros outros na tal da web, e o melhor, com autorização do artista, que não cedeu à parte mesquinha dos direitos autorais. Fato é que, assumo, no início do espetáculo, tive medo do texto cair nos tais lugares-comuns... Mas a queda que rolou não foi essa, e surpreendeu, e muito.

A riqueza teórica era de dar inveja a muita dissertação e tese por aí, não duvido inclusive que o trabalho tenha se originado de alguma apresentação acadêmica, como foi o caso de outra excelente apresentação que vi recentemente na mesma sala de brasília[1].

Porém, o que me fisgou de vez mesmo foi a sinceridade colocada em cena. Se aquele brilho nos olhos não era sincero, se aquela paixão pela arte que estava sendo alimentanda não era verdadeira, a atuação, no mínimo, teria sido inacreditável.

A sinceridade que me encantou foi a daquele que assume a humildade depois de uma queda... Não uma humildade covarde novelesca, uma humildade de quem se (re)conhece, de quem se (re)encontra, sabe quem é e sabe que pode e deve ser quem realmente é. Humildade que remonta às origens etimológicas da palavra, humus, da terra...

Soa aqui um comentário um tanto apaixonado, não? Como apaixonada foi a pregação que acabei de assistir, daí entendi o nome pra não mais esquecer, p r e g o e i r o .

Enfim, se me prolongar, estraga. Vou é comer o último docinho da festa de aniversário que fui ontem e guardei na geladeira, sabe aquele prazer infantil? Como o de uma criança que acabou de voltar do circo encantado.


[1] UMBIGÜIDADES, de Iami Rebouças, parte prática da sua dissertação de mestrado em Artes Cênicas pela UFBA. Espetáculo que já brilha há mais de uma década e passou na Sala Plínio Marcos, na FUNARTE-DF, mês passado, com um público muito menor (infelizmente) do que a peça do FestClown que hoje assisti.