Foto de Lincon Zarbietti, divulgada no blog Holofote Virtual. |
No início, o nome do espetáculo
das 22h não ficava na cabeça, sempre, tudo que eu podia lembrar sobre o título
do “espetáculo das 22h” pelo que eu tinha passado o olho na programação era: não-sei-o-que-lá-eiro.
Mas, resistimos ao frio de uma
hora na fila de espera mais três quartos de hora na fila de entrada, pra ver
uma peça da qual tinha ouvido apenas uma indicação do meio-irmão do namorado de
uma amiga: “muito boa!”. Eu nem conhecia lá muito bem o gosto desse conhecido,
mas não é que valeu mesmo a pena?
Do conteúdo do espetáculo, é
melhor não falar muito. Até porque você mesmo pode achar e se surpreender com
vídeos e registros outros na tal da web, e o melhor, com autorização do artista,
que não cedeu à parte mesquinha dos direitos autorais. Fato é que, assumo, no
início do espetáculo, tive medo do texto cair nos tais lugares-comuns... Mas a
queda que rolou não foi essa, e surpreendeu, e muito.
A riqueza teórica era de dar
inveja a muita dissertação e tese por aí, não duvido inclusive que o trabalho tenha
se originado de alguma apresentação acadêmica, como foi o caso de outra
excelente apresentação que vi recentemente na mesma sala de brasília[1].
Porém, o que me fisgou de vez mesmo
foi a sinceridade colocada em cena. Se aquele brilho nos olhos não era sincero,
se aquela paixão pela arte que estava sendo alimentanda não era verdadeira, a
atuação, no mínimo, teria sido inacreditável.
A sinceridade que me encantou foi
a daquele que assume a humildade depois de uma queda... Não uma humildade
covarde novelesca, uma humildade de quem se (re)conhece, de quem se (re)encontra,
sabe quem é e sabe que pode e deve ser quem realmente é. Humildade que
remonta às origens etimológicas da palavra, humus,
da terra...
Soa aqui um comentário um tanto
apaixonado, não? Como apaixonada foi a pregação
que acabei de assistir, daí entendi o nome pra não mais esquecer, p r e g o e i
r o .
Enfim, se me prolongar, estraga.
Vou é comer o último docinho da festa de aniversário que fui ontem e guardei na
geladeira, sabe aquele prazer infantil? Como o de uma criança que acabou de
voltar do circo encantado.
[1] UMBIGÜIDADES,
de Iami Rebouças, parte prática da sua dissertação de mestrado em Artes Cênicas
pela UFBA. Espetáculo que já brilha há mais de uma década e passou na Sala
Plínio Marcos, na FUNARTE-DF, mês passado, com um público muito menor (infelizmente)
do que a peça do FestClown que hoje assisti.